Diante da pressão tarifária global imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, marcas da União Europeia como a L'Oréal estão recorrendo a uma cláusula pouco conhecida da alfândega americana — a regra da “primeira venda” — para aliviar o aumento dos custos.
Essa regra permite que as empresas sejam tributadas no momento em que os produtos deixam a fábrica, e não quando entram nas lojas de varejo, onde os tributos seriam mais altos. No entanto, a Reuters observou que a aplicação dessa regra envolve mais burocracia e gestão de rastreamento dos produtos, sendo válida apenas para mercadorias destinadas aos Estados Unidos. Apesar dos riscos legais potenciais, empresas da UE estão dispostas a arriscar, entre elas o CEO da L'Oréal, Nicolas Hieronimus. Em entrevista à Reuters, Hieronimus afirmou: “Isso é apenas uma das possibilidades. Tomaremos uma decisão.”
Atualmente, a União Europeia aplica uma tarifa de 15% sobre produtos importados e, antes de um acordo ser alcançado, a aliança dos Estados-membros foi inicialmente ameaçada com tarifas de 30%. Comparado ao período anterior ao governo Trump, os custos de exportação aumentaram significativamente, gerando uma impressão negativa no setor de cosméticos. Ao comentar os resultados financeiros do segundo trimestre da L'Oréal, Hieronimus declarou que isso “não é uma boa notícia” para o setor de cosméticos.
Entretanto, há opiniões divergentes. Alguns executivos do setor de beleza, como Bernard Arnault, presidente e CEO da LVMH, acolheram positivamente o acordo entre a UE e os EUA. Arnault reconheceu que fez críticas ao acordo, mas acredita que, nas circunstâncias atuais, trata-se de um bom acordo.
Anteriormente, Trump anunciou uma nova rodada de tarifas globais dos EUA e estendeu o prazo de implementação até 7 de agosto. A Casa Branca fez o anúncio horas antes do prazo final em 1º de agosto, causando turbulência nos mercados financeiros globais. Todos os países do mundo terão um aumento de 10% no valor das exportações para os EUA, com outros 92 países sendo sujeitos a tarifas específicas mais altas. A Síria sofreu o maior aumento tarifário, o Canadá teve sua taxa elevada para 35% e o Brasil corre o risco de ver sua tarifa de 10% aumentar para 50%. A tarifa “Dia da Libertação”, anunciada por Trump em abril de 2025, elevou a tarifa base em 10%, gerando um impacto sem precedentes nos mercados e setores globais.
Nesse contexto, nem mesmo os produtos de beleza escaparam, e marcas como elf Beauty, Glow Recipe e The Inkey List aumentaram os preços para lidar com a situação.