A Industrias Nucleares do Brasil (INB) entrou em um contrato de R$ 50 milhões (US$ 9,1 milhões) com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil e a Agência de Financiamento de Estudos e Projetos (FINEP) para desenvolver e testar tecnologias para um microreator planejado. O projeto de três anos envolve colaboração com centros de pesquisa, universidades, a marinha e instituições como o Instituto de Energia e Pesquisa Nuclear (IPEN) e o Instituto de Engenharia Nuclear (IEN).
A INB fornecerá combustível nuclear, serviços especializados de engenharia e apoio técnico e administrativo para a iniciativa. Líderado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), o projeto visa desenvolver um microreator de 3 a 5 MW projetado para se encaixar em um container de 40 pés e operar remotamente por mais de uma década sem recarga. Aplicações potenciais incluem fornecimento de energia confiável a cidades remotas, hospitais e fábricas, reduzindo a dependência de geradores a diesel.
O presidente da INB, Adauto Seixas, declarou: "Este é um marco histórico para o setor nuclear brasileiro. A INB reforça sua vocação não apenas como produtora de combustível nuclear, mas também como empresa estratégica baseada em tecnologia, líder no desenvolvimento de soluções inovadoras para o país. Os microreatores nucleares têm enorme potencial para trazer energia limpa, segura e sustentável a regiões remotas, além de atender às demandas industriais, de defesa e de segurança energética nacional."
Reinaldo Gonzaga, diretor de Combustível Nuclear da INB, acrescentou: "Esta tecnologia pode revolucionar a geração de energia distribuída no Brasil."
A CNEN informou em março de 2025 que o projeto está no Nível de Prontidão Tecnológica (NPT) 3, envolvendo modelagem matemática e estudos preliminares. O objetivo é alcançar o NPT 6, demonstrando a tecnologia em um ambiente relevante próximo ao uso prático. O microreator faz parte dos esforços globais para desenvolver soluções nucleares de pequena escala, sendo que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) define microreatores como aqueles de até 20 MW, adequados para transporte para áreas isoladas.
O Brasil atualmente opera dois reatores nucleares de energia elétrica, os Angra 1 e Angra 2, que fornecem cerca de 3% da eletricidade do país. O projeto Angra 3, um reator de água pressurizada de 1.405 MW, permanece sob consideração para conclusão após múltiplas paradas de construção desde 1984.
A iniciativa do microreator reflete o compromisso do Brasil em promover soluções energéticas sustentáveis, especialmente para aplicações remotas e industriais, por meio do desenvolvimento inovador de tecnologia nuclear.